sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em escola do Rio, experimentos despertam o interesse pela física

Todo aluno de ensino médio já se apavorou com as aulas e provas de física. Mas e se no dia a dia da matéria houvesse mais atividades práticas? Foi o que fez o professor Alfredo Mitidieri, do Colégio Santa Mônica de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Com o apoio da direção, ele incorporou dois projetos ao calendário acadêmico da instituição: um carrinho movido por uma ratoeira e foguetes de garrafa pet que são lançados ao ar com ajuda da água.

“Começou com uma ideia da turma em fazer algo menos teórico. Ao mesmo tempo, a direção pediu novas atitudes e metodologias para que a física deixasse de ser tão mitificada e não tivesse tantas reprovações”, diz Mitidieri.

Os alunos, claro, aprovaram a nova forma de aprender a matéria. A estudante Sthefanie Barbosa ressalta a importância de vivenciar o que o professor explica em sala de aula.

“Os experimentos são utilizados para que os alunos tenham contato direto com determinado conceito físico. Nós pesquisamos, perguntamos e percorremos todo o caminho para concretizar algum fenômeno”, relata Sthefanie.

A oportunidade de tirar as fórmulas do quadro negro e utilizá-las no dia a dia anima os estudantes. Além do conceito básico, o trabalho em grupo nos experimentos ajuda na hora de voltar para a teoria.

“A gente consegue levar a brincadeira da prática para a sala de aula. Na hora da prova, conseguimos lembrar do que utilizamos nos projetos e isso facilita”, analisa Matheus Ribeiro, que tem o sonho de construir um foguete moderno, com chips de programação, utilizando o que aprendeu nas aulas de física.

Apesar de ser uma “brincadeira”, os experimentos precisam ser levados muito a sério. Eles fazem parte da avaliação dos alunos. O dia de prova se transforma em uma verdadeira competição. E ganha ponto o trabalho mais eficiente e também o mais bonito.

Mesmo com toda essa tensão para ver seu projeto ser o “vencedor”, os jovens deixam o clima de rivalidade de lado. Matheus conta que toda a turma fica animada e unida para torcer por seus trabalhos e pelos colegas.

“O dia de prova é uma loucura só. Ficam todos na arquibancada gritando, berrando. Quando o foguete sobe, todo mundo canta junto. Todo mundo adora”.

Carrinho de ratoeira
O projeto dos carros movidos à ratoeira é famoso nos Estados Unidos, onde são comercializados e utilizados em competições. Alfredo Mitidieri descobriu o projeto na internet e se convenceu de que seria uma boa oportunidade de exemplificar de forma fácil uma matéria tão temida pelos alunos.

“O que eu fiz foi pegar um projeto já existente e implantar na escola, explicando fisicamente o seu funcionamento”, diz.

A mola da ratoeira funciona como um motor para o carrinho. Há uma transformação da energia potencial elástica da mola em energia cinética.

“Justamente esta transformação de energia que deixavam os alunos assutados. Olhavam e apenas aceitavam o conceito. Hoje em dia, eles entendem com a prática”, explica o professor. Ele acrescenta que o rendimento da turma melhorou.

“Melhorou o relacionamento com a turma, pois passei a criar um vínculo maior com os alunos, uma relação de amizade. A matéria na prática me ajuda a analisar outros níveis da aprendizagem, como o trabalho em grupo”, afirma.

Foguete de plástico
O foguete propulsionado à água é um trabalho mais complexo, mas com um resultado mais vistoso e satisfatório para o professor e os alunos. Ele funciona com o princípio da ação e reação. O experimento é feito com uma garrafa pet.

“Nós botamos água dentro da garrafa e, ao introduzirmos ar, ele fica pressurizado. Então, quando liberamos o gatilho da base de lançamento, o ar empurra a água para fora como uma ação. A reação é a água que empurra o foguete para cima”, diz Mitidieri. O professor explica como utiliza a parte teórica da física no projeto, que também tem um paraquedas, que se abre na hora da descida do foguete.
 

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